quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Pelo cozido com... Torga

Fabien Veançon
ilustrador
Em tempo de Carnaval, ninguém levará a mal se prevaricarmos um pouco, só mesmo um pouco... das nossas próprias imposições saudáveis de não comer materiais gordos (gordura só vegetal e biológica!), de não comer muitos enchidos etc. etc.
Mas, como estamos em Carnaval.... façamos como Torga e atiremo-nos à “… trindade tradicional do reino: os presuntos, as alheiras e os salpicões, (…) ”. Que tal?!

Ingredientes:

400g de novilho para cozer , 1/2 frango e 500g de pá de porco
300g de toucinho e 1 chouriço de carne
1 chispe e 1 orelha, 1 farinheira e 1 morcela
6 batatas médias , 4 cenouras e 4 nabos
1 couve-lombarda
sal,
pimenta, cravinho e hortelã q.b.

Preparação: Numa panela com água a ferver, introduzem-se as carnes de novilho e tempera-se com sal, pimenta em grão, cravinho e hortelã. Deixa-se cozer suavemente. Quando a carne estiver tenra, retira-se e mantém-se coberta, com um pouco de caldo, para que permaneça quente e suculenta.
Juntam-se os pedaços de frango, de pá de porco, de toucinho e o chouriço de carne. Acrescenta-se ainda o chispe e a orelha depois de devidamente escaldados à parte. Adicionam-se as batatas, as cenouras e os nabos e após levantar fervura acrescenta-se a couve-lombarda. Mantém-se em lume médio até estar tudo cozido. Num tacho à parte coze-se a farinheira e a morcela.

Serve-se tudo bem quente!

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Eça de Queiroz e o Frango Assado no Forno

Um dos pratos mais comuns em muitas casas portuguesas é o FRANGO
ASSADO NO FORNO já citado por Eça de Queiroz em A CIDADE E AS SERRAS:
"Diante do louro frango assado no espeto e da salada (...) a que apetecera na
horta, agora temperada com um azeite da serra digno dos lábios de Platão,
terminou por bradar: divino'."


Para os que, neófitos nestas coisas da culinária, ainda não conhecem como fazer magia com este manjar aqui fica a receita:

1 frango médio
1 chouriço
3 dentes de alho
salsa
1 (sopa) massa de pimentão
1 (sopa) de banha
1(sopa) de margarina
meio limão
1kg de batatas
1( sobremesa) de colorau
azeite a gosto
1 malageta pequena
2 dl de vinho branco

Tempera-se o frango 3 horas antes, para tomar bem o gosto. Primeiro abre-se o frango pelo peito , lava-se e seca-se. Esfrega-se com o meio limão. Numa picadora faz-se uma pasta com o chouriço, os alhos, a salsa e a malageta. Depois numa tijela mistura-se a pasta com a massa de pimentão, a banha, a margarina e barra-se o frango todo com essa pasta.
Entretanto, cortam-se as batatas, temperam-se com sal, colorau e um fio de azeite.
Quando for para cozinhar, dispõe-se tudo num tabuleiro (batatas e frango) rega-se com o vinho branco e vai ao forno cerca de uma hora.
Durante a cozedura vai-se regando com o próprio molho.

Receita retirada do Portal da Gastronomia.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Se é pra viver que a vida me leve: Pra existir história...

Se é pra viver que a vida me leve: Pra existir história...

...ya no hay nada: - pasado,
futuro, sombras, gozos -,
por fuera de nosotros...this is...the end.

the end?
nothing ends completly...
just our own impossibility...



domingo, 15 de fevereiro de 2009

Bacalhau com broa

Em Freixo de Espada à Cinta, terra de nascimento de Guerra Junqueiro assiste-se a um desenrolar de divinos paços que se desdobram diante dos nossos olhos como se de um "claro mistério/Do azul etéreo!/sonho sidério! Luz!" (Guerra Junqueiro) se tratasse!

Falo da Estalagem de Nossa Senhora das Neves que encontrando-se magnificamente implantada no coração da Serra de Bornes, perto de Alfandegada Fé, a cerca de 1000 metros de altitude, proporciona uma deslumbrante vista, "da terra dorida/alento e guarida!/fermento de vida, Luz".
Nesta estalagem come-se um bom bacalhau com broa, regado com vinho da região. Dorme-se uma soneca a seguir embalado daquele imenso céu infinito que Guerra Junqueiro tanto gostava referindo-se-lhe desta forma:
"Ora o infinito só se compreende e se traduz em presença da natureza livre. O homem, fechado entre quatro paredes, por mais livre que julgue ser, é sempre um enclausurado. por isso o meu pensamento nada exprime se o não libertar, arrancando-o à clausura. "

Bacalhau com broa
Tempo: 1 h / Rendimento: 4 porções
Ingredientes: 1kg de batatinhas, 4 postas de bacalhau demolhado, 200ml de azeite CASA ARAGÃO, 100ml de vinho branco, 1 folha de louro, ½ broa de milho, 1 cebola, 4 dentes de alho, 1 ramo de coentro, sal e pimenta a gosto.

Preparo: Cozinhe as batatas com a casca. Descasque-as e reserve-as. Leve o bacalhau ao forno, a 200ºC, com o azeite, o vinho, o louro e pimenta. Deixe assar por 15 minutos.
Após esse tempo, retire metade do molho e, neste, esfarele a broa e junte a cebola picada. Distribua este preparo sobre as postas de bacalhau. Coloque as batatas e o alho, à volta e leve, novamente, ao forno para dourar. Decore com coentro.

Sugestão: Junte à mistura de broa uma colher, das de chá, de colorau e uma de vinagre.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Dobrada à moda do Porto

Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.

Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão; nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta.
E vim passear para toda a rua.

Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo...

( Sei bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje.)

Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, por que é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio, mas veio frio.

Álvaro de Campos

Receita de dobrada à moda do Porto

ingredientes (8 pessoas)

2 kg de dobrada de vitela
1 frango médio
1 mão de vitela
160 gr de chouriço transmontano
160 gr de presunto de chaves
550 gr de feijão branco ou feijão manteiga
50 gr de banha de porco
3 dentes de alho
150 gr de cebola
300 gr de cenouras
50 gr de sal grosso
pimenta moída e salsa, q.b.

Preparação

Lava-se muito bem a dobrada, tirando as peles.Leva-se a cozer durante apróximadamente 4 horas em água temperada com salgema. Coze-se separadamente a mão de vitela em água com uma pitada do mesmo sal. À parte faz-se um refogado com a banha, salsa picada, cebola e alho. Antes da cebola aloirar junta-se a dobrada cozida cortada aos pedaços, a mão de vitela cozida e desossada, bem como o frango cortado aos bocados, o presunto cortado ás tiras, o chouriço, as cenouras, sal, pimenta e o feijão já cozido.Depois de tudo bem cozido serve-se quente!..."a dobrada à moda do Porto...nunca...se serve fria!..."
Rosa de Santa Isabel

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A neta do Sr.Lihn - Philipe Claudel

O Sr.Linh fugia da guerra!
Caminhava sem rumo e sem esperança num país estranho, onde não conhecia nem amigos nem parentes. Desconhece também a língua desse país que agora o acolhe, deixando para trás a guerra, a devastação e a morte.
Que faz este livro cheio de imagens e sentimentos de tristeza num blog que tem a pretenção de chamar-se sabores de doces e de livros, perguntarão vós?
Bom, a explicação é simples: "A neta do Sr. Linh", de Philipe Claudel, fala-nos sobretudo da amizade, tema universal de grande abrangência, que fica bem à volta desta mesa, que certamente vai ser cheia de sabores amigos que nos transportarão para além de todas as utopias:
"É o início de uma belíssima Primavera. Um primeiro esboço"
Virgínia Coutinho

X Festival de Sabores Mirandeses

(retirado de Espigueiro-jornal on line)